REFLEXÕES FEITAS APARTIR DAS LEITURAS, NO GRUPO DE ESTUDO EM TECNOLOGIA .
Textos lidos
PRETTO, N. D. L; BONILLA, M. H. S.. Sociedade da informação: democratizar o quê? Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 fevereiro, seção Internet.
Além das diferenças
Faço parte do grupo de professores da rede municipal de Irecê. A maior parte do tempo que tenho como professora trabalhei em salas de alfabetização. E apesar da pouca idade das crianças, muitas foram às vezes em que eu presenciei atitudes carregadas de preconceito, por parte dos pequenos. Atitudes que certamente refletiam o meio que viviam e também a postura que os pais tinham em relação às diferenças.
Hoje vejo parte desse muro que foi erguido há tempos atrás, sendo balançado por uma realidade que estar cada vez mais presente em nosso dia a dia. As salas de bate papos têm levado muitas pessoas a vencerem os preconceitos, estabelecendo relações, além das diferenças. Cada vez mais se fortalece a ideia de que para construir laços afetivos com alguém, não importa a cor da pele, se a pessoa é gorda ou magra, a opção sexual, o saldo da conta bancaria...
Você pode perguntar: E as emoções? E o calor humano? E o ombro amigo?
Penso que não precisamos estar pele a pele com alguém, para sentir o coração aquecido. Talvez não precisássemos da presença de um ombro, e sim de um par de ouvidos que queira escutar atentamente o que falamos. Podemos estar cara a cara com alguém, e simplesmente nos sentirmos infinitamente sós. O que une os seres humanos não é somente o contato físico, mas sim a troca de ideias e o respeito às diferenças.
O papel das escolas públicas no uso das tecnologias digitais
É histórica a forma em que as escolas se organizam. Desde muito tempo, esse órgão foi organizado de forma a atender as demandas do mercado de trabalho. Seguindo assim uma infinita lista de conteúdos, totalmente distante da realidade dos alunos.
Assim também tem sido a chegada da tão famosa inclusão digital, que para muitos se dar quando o individuo se depara com o computador para realização de pesquisas, ou substituição de algum instrumento já usado em sala de aula.
O uso do computador, não deve ser limitado meramente a pesquisas, ou para incluir os indivíduos no mercado de trabalho. Mas deve ser usado como fonte de troca, onde o indivíduo tanto pode ser consumidor de saberes, como produtor desse saber, deixando assim à amostra o seu potencial como cidadão que produz conhecimento e opina a cerca dos problemas da comunidade em que ele estar inserido.
O papel da escola nesse contexto é de fundamental importância, principalmente as públicas, onde a maior parte dos alunos não tem acesso à internet. É preciso que o governo ofereça não só computadores para a sala de aula, mas que capacite o professor para usar essa tecnologia de forma que o aluno se sinta à vontade para explorar esse rico meio de construção de conhecimento.
A escola é a ponte para a inclusão digital.
È extremamente complicado falar em inclusão, em um país onde a cada minuto do dia, os direitos básicos do cidadão são lhes negado. Sou professora da Rede Municipal de Irecê, e durante os muitos anos como professora tenho acompanhado de perto algumas das desmazelas sociais, que envolve a comunidade onde trabalho.
Não é fácil assistir de perto, jovens sem nenhuma expectativa para o futuro, ou ver todos os anos, famílias inteiras saírem para as grandes metrópoles, a procura de sustento trazendo conseqüências enormes para o aprendizado de seus filhos.
Inúmeras foram às vezes em que recebi em minha classe, alunos que não tinham nada para comer, sendo que a alimentação é um direito fundamental ao cidadão, quantos brasileirinhos com seus corpinhos raquíticos, nos encaram todos os dias com olhos famintos, a nos pedir socorro.
E o que falar da onda de violência que tem invadido as nossas cidades, em minha opinião, reflexo da má distribuição de renda, da falta de investimento na área educacional, da falta de emprego, entre outros males que afeta a maior parte da nossa população.
E o que fazer diante desse cenário? Cruzar os braços? A escola é um dos meio competentes para promover mudanças, nesse cenário catastrófico. Nós professores devemos promover nas nossas salas de aulas atividades que faça com que o aluno, cresça intelectualmente, devemos desmistificar a cultura de que o Joãozinho da escola pública não tem competência para concorrer no mercado de trabalho com o Joãozinho da escola particular. Devemos usar as novas tecnologias, para ampliar o poder de produção e comunicação dos nossos alunos, para que ele viva a sua cidadania plena.
Você já deve ter ouvido um velho ditado que diz o seguinte” Quem não tem cão, caça com gato”. Pois é, se nós esperarmos que na escola tenha todo o material necessário para que possamos oferecer aos alunos um ensino de qualidade, esse fato nunca vai acontecer. Vamos arregaçar as mangas, se na escola só tem meia dúzia de livros para uma centena de alunos, vamos fazer com que todos tenham acesso a esses livros, se só tem um computador na escola, use sua criatividade e incremente as suas aulas, com certeza não nos falta criatividade, pois a final de contas só sendo criativo para sobreviver todos os meses com o salário que recebemos.
Bordando a cidadania
Quando fiquei grávida da minha primeira filha, resolvi bordar um carrossel, para colocar no quarto dela. Eu nunca havia bordado nada, ao fazer os primeiros pontos, parecia algo sem forma, pensei em desistir, mas resolvi continuar, por dias fiz ponto a ponto com afinco, e depois de algum tempo pude contemplar o lindo e colorid carrossel
Ao fazer os estudos do GEAC de inclusão digital, demos alguns pontos, alguns frouxos, outros tortos, mas com certeza somando com os muitos pontinhos, que todos os componentes desse grupo deram, certamente irá ajudar a colorir de forma mais justa a educação publica no Brasil. Quer conhecer um dos pontos que o meu grupo construiu, visite o blogger da colega Marisete e aprecie a nossa obra.
Estamos dando os primeiros pontos para a construção, não de um carrossel, mas sim da aquisição da cidadania, estamos caminhando para a igualdade, não a igualdade que discrimina o diferente, mas a igualdade que dar direitos para todos.